Projeto de escola pública trata o desempenho ambiental como prioridade e incorpora boas soluções de ventilação, sombreamento e acústica
"Quando são envolvidos, os usuários se tornam mais conscientes e até os atos de vandalismo tendem a diminuir", diz a arquiteta Helena Ayoub Silva, coautora do projeto, feito com a arquiteta Keila Costa. Por causa do traço sustentável amparado em vários estudos técnicos de luz, temperatura e som, a Bairro Luz ostenta o certificado AQUA, da Fundação Vanzolini, nas fases de programa e projeto. Só depois dos resultados desses levantamentos, a dupla de profissionais se lançou ao trabalho. A consequência disso é um volume robusto de linhas rígidas, medidas exatas e visual moderno, pensado para abrigar 27 salas de aula, duas quadras esportivas, biblioteca, refeitório, salas de reforço, sanitários nos três andares e áreas de recreio coberta e ao ar livre. Minimalista ao extremo para materializar a proposta de racionalidade em todas as etapas da obra, o lugar pretende se tornar um bom exemplo de que cidadania também se aprende na escola. "O processo AQUA levou a FDE a repensar o projeto de maneira global, com a possibilidade de avaliar o impacto de cada solução no edifício como um todo", afirma Luiz Henrique Ferreira, diretor da Inovatech Engenharia e consultor da entidade. O primeiro passo será a criação de um canteiro de obras que gere o mínimo de ruídos e de resíduos. Há intenção de reaproveitar, inclusive, parte dos galpões existentes no terreno, que serão demolidos.
Para gerar menos lixo, por exemplo, as paredes desses prédios velhos deverão ser quebradas e utilizadas no contrapiso da nova escola. Outro ponto importante está ligado à origem dos materiais usados na construção, cujos endereços não poderão ultrapassar 300 km de distância da obra para minimizar a emissão de gás carbônico na atmosfera. Sobras, por sua vez, serão distribuídas entre as cooperativas de reciclagem dos arredores. Soma-se a esses cuidados a escolha da estrutura de módulos de concreto pré-moldado, capaz de reduzir o consumo de água no canteiro entre 10 e 50%, além de gerar menos desperdício. "As peças vêm prontas e são apenas montadas no local", explica a arquiteta. Depois de erguidas, as paredes receberão acabamento de chapisco e pinceladas de tinta esmalte à base de água, em mais um gesto de educação responsável.
PROJETO VALORIZA RECURSOS NATURAIS
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Luz: a iluminação artificial se mostra desnecessária em áreas próximas das aberturas. Assim, a setorização da elétrica, com o uso de circuitos independentes, irá ligar apenas lâmpadas em pontos mais distantes das janelas nos dias escuros.
Som: uma tática para garantir conforto acústico será intercalar as janelas basculantes localizadas nos corredores internos. Portas de chapa de aço de 2 mm com miolo de lã de vidro e paredes duplas vão isolar a quadra poliesportiva e impedir que o barulho dos jogos incomode os alunos dentro das salas de aula.
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Sol e chuva: o desenho prevê reúso da água da chuva nas bacias sanitárias. Ela será captada na cobertura e escoada por condutores verticais aparentes (nas laterais do prédio) até uma caixa de tratamento. Também no telhado ficará o sistema de captação de energia solar planejado para aquecer a água das torneiras da cantina.
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